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LEITURAS

Libertas quae sera tamen!

Autor: Antonio Teixeira

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Libertas quae sera tamen!

O que é independência? É sinônimo de liberdade, uma das mais doces e belas palavras que alguém pode dizer. Somos tão apaixonados por ela que, assim como Dom Pedro I bradou, às margens do rio Ipiranga, às vezes preferimos a morte a não tê-la. Tiradentes, o herói da Inconfidência mineira, também pensava assim.

Independência é palavra misteriosa, porque caminha conosco o tempo todo sem nos darmos conta. Mas sentimos sua falta assim que perdemos sua companhia. Porque ser independente é ser livre e ser livre é poder escolher. A cada escolha que fazemos, definimos os rumos de nosso caminhar nesse mundo de Deus. As escolhas servem para confirmar o sentido de nossos passos e para mudar completamente esse sentido. A liberdade de escolher pode nos permitir a confirmação de um passado, de uma trajetória, mas também pode nos permitir um novo partir, um início de algo que não existia em nossas vidas. Nesse sentido, o partir demanda criatividade e criação, coragem e desprendimento, esperança e fé.

Liberdade é independência sobre nossos medos e essa independência é o que nos permite viver, ao invés de vegetar, avançar, ao invés de retroceder. O homem com medo não está livre, não é independente mesmo estando sozinho. Ele depende da vitória sobre si mesmo para libertar-se. Quando o homem vence seus medos, ele é liberto; sustenta-o apenas a sua fé na vida. Por isso fica leve, além de livre. E leve ele pode ir muito mais longe, pode voar mais alto, realizar todo seu potencial. Somente livre o homem pode justificar a que veio.

A independência existe em diferentes intensidades. Não se trata apenas de ser ou não livre. É necessário questionar constantemente nosso grau de independência. Ser independente exige também certa dose de inconformismo, buscando sempre aumentar a intensidade de nossa liberdade.

Ser livre é libertar o próximo! É amá-lo e defender o direito sagrado de ser independente. Isso não é conflitante com a solidariedade ou com a cooperação. Não é arrogante e nem fruto do orgulho ou do egoísmo. Amar a liberdade é respeitar o próximo e saber que o verdadeiro amor não é predador, nem parasita o ente amado. O verdadeiro amor deixa o amado livre, para não o sufocar. É o estar próximo por amor. E é o afastar-se por amor também. Porque quem ama jamais tira a independência do outro. Quem ama de verdade quer vida plena para o outro, e não há vida plena sem liberdade.

A liberdade pode ser de ir e vir, de pensar, de falar ou de escrever. Existe a liberdade de sentir, de escolher, de decidir. Mas a mais importante de todas é a de pensar. Porque é a partir dela que as outras se configuram. Podemos estar presos numa cela, podem deixar amarrados os nossos braços e pernas, vendar nossos olhos. Podem nos arrancar a voz. Ainda assim, seremos livres para pensar. Por ser a mais importante forma de liberdade, a de pensar é também a mais difícil de nos ser tirada à força. Não é com a violência física que nos tiram a liberdade de pensar. Ela nos é suprimida por ações muito mais sutis. É usando nossas fraquezas que nos tiram nossa independência. É massageando nosso ego, cultivando nossas vaidades, incentivando nosso lado orgulhoso de ser, que acabamos por perdê-la. Enquanto nos mostram um caminho bem colorido, mas que não é o nosso, é que caímos nessa armadilha. E, quando caímos, nos tornamos meros consumistas, aceitando ideias, conceitos e necessidades que nunca nos preenchem, porque simplesmente não fazem sentido. Enquanto nos seduzem com sonhos fúteis e materialistas, deixamo-nos levar para bem longe dela. Enquanto fingem que são nossos amigos, fazendo-nos nadar em um mar de hipocrisias e ações demagógicas, nossa liberdade vai saindo de fininho para não voltar tão cedo. Na tentativa de nos tirar a liberdade, alguns dos argumentos mais fortes são o da comparação e o da maioria. O da comparação nos mostra como estamos em relação a outros, supostamente melhores. O da maioria tenta justificar o acerto da escolha pelo simples fato de ter sido adotada por muitos.

Mas o verdadeiro Ser livre não se importa em ser minoria e nem fica se comparando aos demais. Tem a consciência de que não é perfeito. Mas seus referenciais estão na natureza e em tudo o mais que é divino nesse mundo. Não se deixa perturbar por conceitos humanos e, portanto, falhos. Sabe que só a obra divina é amiga da perfeição. Por isso observa-a, admira-a e tenta incorporar o que ela ensina em sua vida.

Viver em busca da liberdade é viver de forma tranquila, respeitando as normas vigentes. É nunca se conformar com o que não está certo. A liberdade, duradoura e inestimável, é o bem mais precioso que podemos desfrutar. É preciso perseverar, levantar-se após cada tombo, a cada tropeção que damos em nossas próprias limitações. A sua eterna busca faz parte da vida e, ao mesmo tempo, é o que eterniza essa vida. Se já fôssemos perfeitos, não participaríamos desse caminhar, dessa busca. Não haveria escolhas e, portanto, não haveria independência. É a perfeição divina, manifestando-se justamente através da nossa imperfeição. Então... não se preocupe: o universo não é o caos; nele tudo funciona, tudo tem uma razão de ser!

Antonio Teixeira