LEITURAS

A Agronomia, no momento histórico que vivemos, assume enorme importância nos destinos da humanidade. Não há exagero na afirmação, e faço aqui uma pequena lista de perguntas, para que possam constatar por si mesmos o que digo:

1) Como produzir alimentos e energia, sem destruir a camada fértil do solo, vital à sobrevivência da espécie humana? Aqui nos trópicos, é hora de praticar a verdadeira Agricultura Tropical, baseada no fluxo de C e N do solo, na biodiversidade e na bioativação. Só monitorando elementos químicos do solo não chegaremos lá.

2) Como sequestrar Carbono da atmosfera no solo e assim contribuir decisivamente para reverter o aquecimento global? Se todos praticarmos uma agricultura realmente sustentável (não só de fachada) e plantarmos árvores, nós conseguiremos (vide www.4p1000.org).

3) Como desenvolver intercâmbios para aumentar a produtividade na agricultura familiar nos países pobres, especialmente nos trópicos? Imenso (e gratificante) campo de trabalho para os novos Agrônomos. Não será aumentando a produtividade da soja, algodão e cana que iremos reduzir a fome dessas populações.

4) Como regenerar, tornar vivos, os solos que já degradamos ou intoxicamos? Não há impeditivos técnicos para que o realizemos, pois já é realidade em diversas fazendas. As dificuldades em ganhar escala são o jogo cego de interesses imediatos e a ignorância humana.

5) Como proteger (e recuperar) a também vital, biodiversidade vegetal e a consequente biodiversidade microbiana do solo? Sistemas pouco diversos, como se sabe, terminam por colapsar. Por que plantamos hoje no Brasil, majoritariamente, apenas vinte e poucas espécies? O que nos impede de enriquecer nosso cardápio, nossa alimentação?

6) Como convencer pessoas e governos, sobre a importância de plantarmos árvores sem parar, pelos próximos dez ou vinte anos? E ainda colocarmos um ponto final na era dos combustíveis fósseis, e dos desmatamentos. Não há saída fora disso, se queremos que os seres humanos continuem habitando a Terra.

7) Como convencer economistas, governos e pessoas, de que a liberdade que temos para prosperar e ganhar dinheiro não é ilimitada? Seu limite é a finitude dos recursos naturais do planeta. Ultrapassa-lo significa sequestrar, tomar das futuras gerações, o direito a uma vida digna também. E não adianta pensar só no seu consumo, pois o impacto global é a soma dos impactos individuais, certo?

São questões que fazem daqueles que se dedicam a elas, agentes de transformação da realidade, na construção de um futuro real e bom para todos. Podemos dedicar nosso tempo trabalhando para isso, o que acham? Por experiencia própria, digo que é algo que nos completa, que realmente vale a pena. Vou além: os profissionais comprometidos com essas questões, serão mais bem remunerados que os demais.

Sim, está na hora de repensarmos o mundo no qual vivemos. Não é utopia, é necessidade imediata. Como podemos ser felizes, nos alicerçando na infelicidade de outros? É desenvolvendo nossos valores mais humanos que venceremos, tenha certeza disso!