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LEITURAS

A COMPOSTAGEM TROPICAL NA AGRICULTURA REGENERATIVA

Autor: Antonio Teixeira

quarta-feira, 13 de março de 2024

A COMPOSTAGEM TROPICAL NA AGRICULTURA REGENERATIVA

É possível obter altas produtividades sem matar o solo aos poucos? Felizmente SIM! Para isso precisamos observar, conhecer e mimetizar a Natureza. Ou seja, fazer ciência, ensinar o produtor a produzir sem degradar.

No caso dos solos tropicais, a equação já está parcialmente resolvida. Já temos um rumo: É preciso proteger, manter e expandir a vida contida no interior dos nossos solos! A partir daí, foi criada a ART – agricultura regenerativa tropical, cujos objetivos são:

1. Produzir alimentos saudáveis;

2. Regenerar os solos tropicais;

3. Sequestrar Carbono e reduzir a emissão de GEE.

Observe que, cumprindo os dois primeiros, o terceiro é automático.

Sabemos que algumas rochas, quando finamente moídas, se transformam em remineralizadores do solo, ou em fertilizantes naturais, dependendo da classificação dada a elas pelo MAPA. São ferramentas importantes dentro da ART. Também já sabemos que essas ferramentas não funcionam em solos sem atividade biológica, ou melhor, em solos mortos.

Pois bem, a compostagem clássica moderna, foi usada por algum tempo, basicamente para tratar, dar um “sumiço” ou destino adequado, aos passivos ambientais de origem animal ou vegetal. Na prática, ela utiliza a fermentação microbiana para “queimar” dois terços do material, que acaba evaporando, enquanto um terço fica, na forma de adubo orgânico.

Já a compostagem tropical tem outros objetivos:

1. Produzir um substrato pré-biótico que é alimento de qualidade para a biota do solo;

2. Produzir um pró-biótico que inocula o solo com comunidades microbianas benéficas;

3. Produzir substâncias orgânicas que ajudam a estruturação física do solo;

4. Fornecer minerais “protegidos” por moléculas orgânicas e ácidos orgânicos para as plantas.

Por se tratar de um protocolo de compostagem mais rápida, a compostagem tropical, ao contrário da clássica, preserva mais de dois terços do volume inicial de materiais submetidos ao processo. Nesse ponto, temos ao menos duas escolhas: ou adicionamos as rochas no início do processo de compostagem, submetendo-as a um contato mais íntimo com os ácidos e enzimas resultantes da ação microbiana sobre os resíduos, ou adicionamos as rochas ao final do processo, para que sejam aplicadas ao solo junto com o composto.

A melhor opção depende de alguns fatores e daria um novo e extenso artigo. Aqui, gostaríamos apenas de enfatizar que a sinergia entre o composto tropical e os remineralizadores e fertilizantes naturais, é enorme. O primeiro é poderosa ferramenta para proteger, alimentar e aumentar a vida no solo. Desta forma, ele cria as condições para que os últimos possam funcionar no solo, liberando gradualmente dezenas de elementos minerais, de forma gradual e não agressiva, o que torna esses solos jovens novamente!

Outras vantagens dessa forma de adubação é diminuir drasticamente problemas como salinização, acidificação, atratividade dos insetos pela planta, consequentemente aumentamos a tolerância das plantas aos estresses bióticos e abióticos.

Junto com o controle biológico das pragas e doenças, as plantas de cobertura, o sistema de plantio direto na palha e as integrações ILP e ILPF, são o desenho da nossa recém-nascida ART - agricultura regenerativa tropical, que veio para ficar e cumprir sua nobre tarefa de regenerar nossos solos, enquanto produz alimentos dignos de serem comidos por nós. Como diria a Dra Primavesi:

- Solos saudáveis, alimentos saudáveis, seres humanos saudáveis!

Antonio Teixeira